segunda-feira, 28 de setembro de 2009

quando Nietzsche chorou

"ninguém deseja ajudar os outros, afirma; pelo contrário, as pessoas apenas desejam dominar e aumentar o seu próprio poder." pg 27
"-tenho períodos negros. Quem não os tem? Mas eles não me possuem. Eles não pertencem à minha doença, mas ao meu ser. Poder-se-ia dizer que tenho a coragem de os ter." pg 66
"Atinge-se a verdade - continuou Nietzche - através da descrença e do cepticismo e não do desejo infantil de que uma coisa aconteça de certa maneira! O desejo do seu paciente em estar nas mãos de Deus não é verdadeiro. É simplesmente um desejo infantil e nada mais! É um desejo de não morrer, o desejo do eterno mamilo intumescido que classificamos como "Deus". A teoria da evolução demonstra cientificamente a redundância de Deus, embora o próprio Darwin não tivesse coragem de levar as evidências até à sua verdadeira conclusão. Certamente, o senhor tem de entender que nós criámos Deus e que todos nós, agora em conjunto, o matamos." pg 78
"«Os pensamentos são as sombras dos nossos sentimentos: cada vez mais escuros, vazios e simples». «hoje em dia, já ninguém morre devido a verdades fatais; existem antídotos em demasia»" pg 87
"A vida é um exame sem respostas certas. Se fosse possível começar tudo outra vez, acho que faria exactamente a mesma coisa, cometeria os mesmos erros. Um dia destes, imaginei um bom enredo para um romance. Ah! se eu fosse escritor! Imagine o seguinte: um homem de meia-idade que viveu uma vida insatisfatória, é abordado por um génio que lhe oferece a oportunidade de voltar a viver a sua vida, mantendo plena memória da vida anterior. É claro que aproveita a oportunidade. Mas, para seu espanto e horror, descobre que está a viver a mesma vida: a fazer as mesmas escolhas, a repetir os mesmos erros, a abraçar as mesmas falsas metas e falsos deuses. [...]
-Metas? As metas estão na cultura, no ar! Nós respiramo-las. Todas as crianças com quem cresci inalaram as mesmas metas. Todos queríamos sair do gueto judaico, subir na vida, ter sucesso, riqueza, respeitabilidade. era o que todos queríamos! nunca nenhum de nós se pôs deliberadamente a escolher metas, elas estavam mesmo ali, as consequências naturais do meu tempo, o meu povo, a minha família. [...]
-O indivíduo não selecciona conscientemente as suas metas de vida: estas são um acidente da história, não são?
-Não tomar posse do seu plano de vida é deixar que a sua existência seja um acidente.
- Mas - protestou Breuer - ninguém desfruta de tal liberdade. Não pode fugir da perspectiva da sua época, da sua cultura, da sua família, do seu..." pg 198,199
"A filosofia dele era sobre a vida e para a vida. As melhores verdade - dizia sempre - era verdades sangrentas, extraídas da experiência de vida da própria pessoa." pg 207
"- Claro que sofre, é o preço de ter visão. Claro que sente medo, viver significa correr perigo." pg 209
"Quis apenas dizer que, para se relacionar planamente com o outro, precisa primeiro de se relacionar consigo mesmo. Se não conseguimos abraçar a nossa própria solidão, usaremos simplesmente o outro como um escudo contra o isolamento. Só quando se consegue viver como a águia, sem absolutamente qualquer público, se consegue voltar para outra pessoa com amor; só então se é capaz de preocupar com o engrandecimento do outro ser humano." pg 292
by Yalom, Irvin D. in Quando Nietzsche chorou