sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

gaivota

Estou sentada numa esplanada junto à praia... Ouve-se a voz do mar, calma que está! Não há fúria no seu estado de espírito.

Olho para a direita e vejo um bando de gaivotas, sobre uma rocha, a apanhar Sol. Como eu gostava de ser uma gaivota. Não ter que me preocupar, e ser livre. Livre de materialismos, de estigmas sociais, livre de tudo. Era extraordinário que assim fosse...

Mas olho outra vez e recordo-me que não sou uma gaivota. Sou apenas uma simples mulher, que não sabe o que fazer, não sabe para que lado há-de lutar, nem por onde começar... Parece-me uma luta injusta, que já tem um final definido. Que por mais esforço feito, é apenas esforço em vão, sem nenhuma conquista feita.

Tento pensar que não é assim, que vale a pena fazer o esforço, mas é como se tivesse deixado de ter essa capacidade... Pensar! O que é isso? A que se resume? É como se estivesse vazia e nada fluísse dentro de mim.

Sou um recepiente vazio que pode ser enchido com qualquer coisa. Mas e eu quero ser preenchida por algo ao acaso? E se corre mal??

Quero deixar-me ir, seguir na corrente de alguma coisa, que me preencha e me devolva o sentido de viver... Me devolva o sorriso...

Volto a olhar o Mar... Contínuo sem ouvir a sua raiva. Está tão calmo... Mas nem por isso me traz tranquilidade. Apenas angústia. É o que sinto.

Se sinto, então é bom. É sinal que estou a ser preenchida. Mas preenchida por angústia? Será isso bom? Quero ser preenchida por sentimentos positivos, não sentimentos que me façam sentir ainda mais vazia.

Quero reerguer-me e voltar a olhar para mim e ver a mulher forte que já fui... Com força para mim e para todos os outros... Onde está essa força? para onde foi? Procuro-a e não a encontro. Vim justamente ao Mar recuperá-la, mas está tão calmo que não a tem, não ma pode dar. Nem um bocadinho.

Quero soltar a frustração que há em mim e nem isso hoje consigo. Não sai nada de dentro de mim... Eu bem tento, mas não há resposta, não vejo nenhum sinal de melhoria... Continuo a procurar um caminho que não encontro. Nem bifurcações para lá chegar. É como se tudo se tivesse fechado, e os caminhos cortados. Estou num beco sem saída, nem hipótese tenho de voltar para trás. Estou enclausurada num plano vazio, sem nada... Não vejo caminhos, não vejo saídas... Será isto novamente a Vida a pôr-me à prova? Parece que escolheu a altura certa porque sabia da sua garantida vitória. E quase quase sem ter tido de se esforçar muito.

É este o panorama que está para mim reservado? É? É que se for, muito sinceramente prefiro não saber que o é, porque não o quero.

O que realmente quero é a minha vida de volta. Tal como sempre foi e que agora não o é!




Quero ser uma gaivota e esquecer que sei andar, e aprender a voar, ver o horizonte e voar até ele, livre de tudo...

1 comentário:

vender automovel disse...

Le o livro "O gato que queria ser uma gaivota" do Luis Sepulveda vais gostar"